Agora pense: quantas delas podem estar lidando com desafios como TDAH, autismo ou dislexia? Essas condições, chamadas de neurodivergências, não são barreiras para o aprendizado, mas sim convites para repensarmos como estamos educando esse grupo de crianças.

É sobre esse olhar sensível e pedagógico que vamos conversar hoje.

O que significa neurodivergência?

O termo “neurodivergência” descreve crianças cujo funcionamento cerebral se diferencia do que chamamos de padrão neurotípico. Isso inclui condições como autismo, TDAH, dislexia, entre outras.

Essas crianças podem apresentar comportamentos seletivos em relação à alimentação, maior sensibilidade a texturas, dificuldades com rotina ou até mesmo baixa atenção em momentos de refeição. A consequência? Muitas vezes, acabam tendo dietas restritas ou pobres em nutrientes essenciais.

Problemáticas ligadas à nutrição e neurodivergências

  1. Seletividade alimentar extrema: crianças autistas, por exemplo, podem rejeitar alimentos por textura, cor ou cheiro, o que limita a variedade da dieta.

  2. Dificuldade de rotina: o TDAH pode influenciar no esquecimento de refeições ou preferência por alimentos ultraprocessados, que oferecem estímulo rápido, mas pobre valor nutricional.

  3. Impactos no aprendizado: a carência de nutrientes como ferro, zinco e ômega-3 está associada à queda de atenção, maior irritabilidade e baixo rendimento escolar.

  4. Aspectos emocionais: a relação com a comida pode gerar ansiedade tanto na criança quanto na família, que muitas vezes não sabe como introduzir novos alimentos de forma acolhedora.
     

Esses pontos revelam que não basta falar em “comer saudável” de forma genérica. É preciso construir estratégias adaptadas, que respeitem a singularidade de cada criança.


 

O papel da escola nesse cenário

A escola é um espaço privilegiado para apoiar o desenvolvimento integral da criança neurodivergente. Mais do que reforçar conteúdos acadêmicos, ela deve ser o lugar onde novos alimentos são apresentados de forma segura e lúdica.

É nesse ponto que o Programa Educar & Nutrir na Escola se torna uma ferramenta poderosa:

  • Materiais lúdicos e sensoriais: como a Horta de Brincar em feltro e pelúcia, que ajuda crianças seletivas a se aproximarem dos alimentos sem medo.

  • Atividades progressivas: o Quadro dos Alimentos incentiva a experimentação de novos sabores de forma gamificada e sem pressão.

  • Sequência pedagógica estruturada: cada faixa etária recebe objetivos claros, alinhados à BNCC, que incluem ampliar vocabulário alimentar, experimentar novas texturas e desenvolver autonomia.

  • Apoio ao professor: com planos de aula prontos, que respeitam o tempo da criança, tornam a experiência inclusiva e reduzem o estresse na hora da alimentação.
     

Ao integrar a nutrição à rotina escolar, a criança passa a enxergar o alimento como experiência educativa e não como imposição.


 

Conclusão 

Falar sobre neurodivergências na infância é também falar sobre respeito às singularidades. E quando unimos educação e nutrição nesse processo, não tratamos apenas da saúde física, mas também da autoestima, da autonomia e da inclusão dessas crianças.

O Programa Educar & Nutrir na Escola mostra que é possível adaptar as práticas pedagógicas para que cada criança tenha a oportunidade de desenvolver hábitos alimentares saudáveis, no seu tempo e do seu jeito.

Porque, no fim das contas, nutrir é educar, e educar é acolher.